10 de dez, 2017, Ana Cavalcanti
Você sabe o que é um vapor lounge? É uma alternativa para consumir cannabis já existente em outros países onde a legalização anda mais avançada. Demos uma conferida em como está a situação desses lugares em Toronto, no Canadá, pra buscar algumas inspirações pro contexto brasileiro.
Tais empreendimentos NÃO VENDEM MACONHA. Isso é muito importante porque é o primeiro aspecto que garante a existência e legalidade deles. O espaço serve para a comunidade cannábica poder se reunir de maneira segura, realizar articulações e consumir sua erva sem perigo ou problemas. Não só o consumo de cannabis é permitido, como ele é pensado para ser o mais benéfico possível para os usuários. Outro fator muito prezado por esses lugares é garantia de que, além de cannabis, nenhuma outra substância seja vendida ou consumida pelos frequentadores do lounge. Os avisos contra tabaco estão em toda parte, inclusive na porta que dá pra rua, aonde eles também desincentivam o consumo de tabaco, mesmo aquele tabaquinho com haxixe ou o papel de enrolar feito de tabaco, como blunts. Tampouco são autorizadas entradas de pessoas já embriagadas.
Já o sucesso desses ambientes parece ser garantido pela sensação de segurança oferecida por eles. Essa sensação ocorre não só porque as pessoas podem consumir cannabis e não chamar atenção por isso, uma vez que o lugar é apropriado para essa atividade, mas também pelo apoio da equipe treinada para lidar com cenas de uso de maconha e, nesses casos, orientar para que possíveis riscos associados ao consumo sejam diminuídos. O knowhow das equipes é muito valioso, sobretudo porque as instituições legais foram afastadas dos conhecimentos relativos à cannabis durante muito tempo por causa da proibição.
Para entrar em um vapor lounge é necessário ser maior de idade. Por cada visita, paga-se em média 5 dólares. A outra opção é se tornar membro, em torno de 25 dólares por mês, e ter acesso total ao ambiente, além de descontos em outros serviços oferecidos pela staff dos vapor's. É possível alugar bong's, dab's e outros apetrechos para testar e experimentar. Não sabe usá-los ou nem mesmo bolar um baseado? Sem problema, todos os hemployes estão a postos pra te ajudar ou ensinar. Se você tiver seu própria parafernália também pode alugar para guardá-lo ou limpá-la por lá também. As vantagens para usuários medicinais também são significativas. Há vários vaporizadores de uso livre no ambiente, que permitem que a maconha possa ser consumida sem riscos para o sistema respiratório. Esses aparelhos geralmente são caros e muitos pacientes não sabem operá-los ou dosar a erva, por isso ser membro de um vapor lounge é uma opção legal para muitos que receberam orientações terapêuticas de profissionais da saúde. Nessas circunstâncias, o auxílio da equipe é fundamental para que o paciente siga as instruções médicas.
Além disso, o espaço se propõe a te entreter e oferecer todo o necessário durante a "viagem". Justamente por isso, podem existir diferentes tipos de ambientes pra gastar a onda de acordo com o gosto de cada um. Algumas atividades oferecidas no que visitamos eram jogos de tabuleiro, Wifi, música, televisão, shows de comédia e outras programações.
A existência de espaços como esse é um sinal de que o comércio legal e regulamentado está percebendo os maconheiros como consumidores e buscando formas de garantir suas necessidades. É a sociedade se autorregulamentando em relação ao tema das drogas! Os restaurantes, growshop's e headshop's em volta parecem estar satisfeitos com o impacto da abertura desses vapors. Os bairros em que eles estão localizados também não parecem se incomodar, isso porque uma grande preocupação dos funcionários e donos é a inserção positiva na comunidade, evitando que o espaço atraia pessoas que causem problemas, façam sujeira ou barulho nas redondezas.
No Canadá, assim como no Brasil, o uso medicinal de substâncias é garantido por lei. No caso específico da cannabis, tais ambientes são uma alternativa viável, que pode ser realizada independente do estado ou de mudanças legais, para o consumo seguro e consciente; a proteção de usuários; a divulgação de informações. É bem importante incluir nas reflexões sobre regulamentação no Brasil aonde e como poderemos consumir ganja. Pode fumar aonde quiser? Em quais lugares ao ar livre será permitido? Vão existir lugares especiais para o consumo? Quais regras contribuíram para o funcionamento desse lugar?
ilustra por: @caroolima
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