Por Emily Bandeira, com pitacos da Veronica Veloso
Vamos lá. Oi, como está? Como tem estado nesse apocalipse? Como tem se cuidado? Tá rolando por aí? Espero que estejamos aprendendo (novamente) como é que a gente se cuida. Como que a gente se entretém, mesmo? Por aqui queríamos te lembrar de possíveis momentinhos para serem apreciados durante o isolamento. De brincar com si mesma e brincar de se comunicar com o universo. Essa lunação, dentre várias outras coisas, nos ensina a dispersar os medos e aflições com a leveza das brincadeiras. Então se tínhamos esquecido como fazer isso, agora é o momento de relembrar!
Tudo meio que desacelerou, né? Daí resistem os tempos de se dar mais atenção ao pequeno. E, como já aprendemos antes, amor e atenção são coisas que andam juntas. Ao depositar 10 segundos a mais de atenção a uma flor, a uma falha, a gente passa a amá-la mais. É mais tempo pra lembrar com o corpo que tudo é uma coisa só. E aí mais amor.
Aqui vai uma reunião de coisas que algumas mulheres listaram para esse texto, com o título de "bruxaria em tempos de distanciamento social"
Sonhos.Como tem sido por aí? Tem sonhado muito? Por aqui temos sonhado bastante. Tem rolado de lembrar? Se sim, tá anotando? Vê diferença em algo quando faz isso? Consegue acordar dentro do sonho? Tem outras lombras de sonhos se espalhando pelo seu dia? Por quê não prestar mais atenção a eles? O mínimo que pode acontecer é você conhecer melhor uma velha parte de você: seu subconsciente :-) Se sentir que gostaria de dar mais atenção a isso, lembra que algumas plantinhas podem ajudar. Artemísia ajuda bastante a gente a sonhar e estarmos conscientes dos nossos sonhos. Você pode queimar, tomar um chá ou deixar umas folhinhas embaixo do travesseiro. Só lembrar de usar com parcimônia e respeito porque essa plantinha é muito poderosa e em grandes quantidades pode levar à intoxicação.
Saber como usar plantas tão poderosas me lembra do próximo ponto: intuição. Você acredita na sua intuição? Como você a percebe? Sabe brincar com ela? Conversar com o corpo e ela dentro? É gostoso tentar perceber o que seu corpo fala antes da mente. E qual parte do corpo que fala? E cada situação vai levando a gente através de diferentes intuições, será? Você consegue identificar como os estados emocionais modificam seu estado corporal? Que tal buscarmos estar mais atentas?
Meditação. Me parece bem encaixadinho. Se a gente estiver querendo adentrar esses outros mundos dentro de nós, dar os passinhos do tamanho que for, inconscientemente a gente sabe da importância de meditar. E não precisa ser meditar, sentada como yogi, tentando não pensar em nada. Pode ser assim também mas pode ser cozinhando. Lavando as louças. Pode ser costurando, arrumando coisas. Desenhar e se deixar indo é meditação. Estar aqui, agora e presente sem estar fritando necessariamente no racional: tamo tentando melhorar isso aí. Deixar-se ser. Esses são bons tempos para lembrar que estar vivo é uma benção (estranha, claro que sim) mas uma benção.
Listas. Eu sou da filosofia que papéis são excelentes locais para a transmutação. Seja escrevendo em qualquer caderninho ou fazendo outras mágicas. Listar coisas pode ser uma boa atividade para reconhecer locais de si. Listar coisas e queimá-las pode ser excelente para sentir que botou fogo na porra toda e ainda botar um sorrisinho na cara porque é sempre bom ter uma desculpa pra brincar com fogo. Coisa de lembrar que tem um fogo interno próprio que digere e queima as coisas em seu tempo. Desencadeia umas coisas legais isso de brincar com papéis. Papéis, velas, ervas. Se for possível brincar com plantas, brinque. É simples assim, faz bem. Vá no nível de envolvimento que te convir. Pode se esfregar numas plantas? Vai fundo. Talvez possa só observá-las? Bão também. Tem alguma semente guardada? Um vasinho? Vai plantar. Tem ervas por aí? Faça chás. Faça banhos. Faça escalda-pés. Faça um banho de assento. Use a criatividade. Converse com as plantas. Peça ajuda para elas qualquer coisa :-)
E dê atenção ao que gosta de fazer. Comunique-se com si. Comunique-se com o ao redor. Gosta de oracular? Leia oráculos por aí. Não precisam vir de um baralho específico, só brincar com o que tiver perto e puder brincar. Ser uma boa leitora é saber ler sua sorte pelas cartas, pelos búzios, pelas folhas secas no chão, pelas ondas que vem do mar, pelo reflexo no sol quando faz umas lombras coloridinhas nos cílios... é saber ser uma boa leitora de si.
Estar em nossas cabeças certamente é deveras um desafio, mas é massa também. Conversar com as coisas abstratas que moram dentro de nós é sinal de amizade.
A humanidade toda se estranha. A gente sabe pra onde ir: para dentro, que tal?
foto-ilustra por @emilybandeira
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